domingo, 16 de janeiro de 2011

Metamorfose Ambulante

Já dizia Raul:

"Eu prefiro ser, essa metarmofose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"
Assim como a correnteza de um rio faz com que ele não seja o mesmo nunca mais, as pessoas vivem em constantes metamorfoses. Metamorfose de princípios, sabedoria, personalidade, corporal, pensamentos, tabus e uma infinidade de outras metamorfoses que afetam a nossa vida.


Ela tinha o sonho de casar-se com um homem íntegro, bonito, bem empregado típico dos comerciais de margarina, ter um casal de filhos e uma vida estável. Simulava seu próprio casamento ao vestir o vestido de aia do casamento dos tios e usava as flores artificiais dos arranjos da casa fazendo de conta que estes eram o seu buquê. Sonhava e jogava o buquê para ninguém. Idealizava um sonho, o sonho de qualquer mulher. Apesar de não gostar de bonecas, tratava seus bichos de pelúcia como filhos, dando-os até injeção de mentirinha quando eles ficavam 'doentes'. Quando na adolescência, começou a sentir um pouco da dor de começar a crescer e entender o mundo. Sua primeira decepção amorosa foi com o garoto mala da sala (que ela jurava que odiava) que gostava da menininha popular e bonitinha. Junto com a adolescência, veio os complexos e inseguranças de uma garota comum da sua idade e de brinde a perda da inocência e o terror de compreender que o mundo e as pessoas não são tão bons quanto ela pensava, decepcionou-se com algumas verdades. E conforme foi crescendo, percebeu que o homem íntegro, bonito, bem empregado e típico dos comerciais de margarina, jamais existiu e percebeu que o seu ideal era infundado diante dos fatos. Hoje ela tem em mente que o que realmente importa é ser feliz em qualquer circunstância e que às vezes o que idealizamos nem sempre é o que nos fará felizes.
Sim, ela aprendeu que as pessoas são diferentes umas das outras, que não existe um padrão a ser seguido nem a ser gostado, mas sim, alma, pele, química, afinidade. E não teve dúvidas de que isso era mais importante do que qualquer padrão que pudesse impor para si mesma. Viu que mesmo as pessoas que acreditam que tenham afinidades e interesses em comum podem viver em constantes brigas e discussões, ou seja, o supermaridão dos comerciais de margarina no final das contas virou sinônimo de piada.
Atualmente ela não acredita que seja capaz de encontrar uma pessoa só que reúna todas as qualidades esperadas, embora esteja tentando encontrá-la, mas no fundo no fundo, a única certeza que ela tem é que a sua própria companhia é a melhor de todas e que se não encontrar ninguém, ela ficará bem de qualquer maneira. E quem garante que ao ficar mais velha, não baterá uma súbita necessidade de uma outra alma para dividir as pantufas e a dentadura?

A metamorfose dos pensamentos, tão inevitável quanto fundamental. Seres humanos são eternas metamorfoses ambulantes, ainda bem!


E um salve para Raul!







2 comentários:

Rodrigo Müller disse...

Boa Garota !!

Mandou bem...

Elenita Rodrigues disse...

Passei por aqui... =) Bjo.

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